quarta-feira, maio 16, 2007

Modóloga em Crise

cada um de nós é um violinista no telhado a tentar arranhar uma melodia agradável e simples sem partir o pescoço



Pois é.
E cá estou eu, Designer de Moda, mestranda em Design, dando um break nos artigos que preciso/tenho que escrever, louca pra falar de quê?
De Moda, de corpo, do corpo e da moda, das loucas e intensas relações da moda, dos pontos de sedução, dessas coisas todas.
Muito a fim de entender o tal do design e cansadíssima de justificar porque fazer Moda é fazer Design, e porque às vezes é Arte e porque outras vezes é artesania.
E que, ok, tá tudo muito bom, não importa que as coisas não sejam fixas e que bacana é viver esse trânsito, até mesmo o trânsito de significações.
Mas enfim, com quem falar sobre isso, ora bolas? Com outras modólogas?
Com outros designers?
E se eu quiser ter a perspectiva de pessoas que vão ouvir todas essas coisas pela primeira vez? E daí?
E daí, meus bons 2 leitores, que ninguém pára pra escutar.
Moda é assim, uma coisa fútil e passageira, quase uma gripe meio forte. E que, tirando o frisson dos desfiles das semanas de moda, ao mundo pouco interessa.
Eu quero dizer que Moda não é essa coisa da roupa, da compra, dos usos, mas é todo o comportamento - sem querer usar a palavra atitude - e as questões do estilo e do corpo.
E o estilo é outra coisa, tem a ver com a marca que o criador imprime naquilo que cria, aquilo que torna o objeto inconfundível e está mesmo na raiz da palavra estilo.
Me cansam as acusações de que quem faz Moda é deslumbrado e não tem nenhuma consciência de atuacão na sociedade.
Me cansam também essas pessoas que, na tentativa de parecer bem diante da sociedade, vestem a camisa da sustentablidade.
O agir de forma responsável com o mundo não exige bandeira.
Foi muito interessante ouvir o Darras na segunda-feira contando que na Franca já não existem mais essas sacolinhas plásticas de mercado, você pode comprar a sua sacola, como aquelas de feira que mamãe tinha, e, quando ela estiver bem velha, você pode trocar, sem custo adicional, por outra nova.
Caso contrário, querido, você vai carregar suas compras nos braços.
Sou a favor das pesquisas de reciclagem para confecção de fios que farão tecidos, mas, apesar de deslumbrante, quanta água é utilizada no processo? E, depois de utilizada, ela é recuperada? Mesmo? Como?
É preciso ter uma visão crítica de todas as informações que recebemos diariamente, questionar, filtrar, perceber as proporções.
Me cansa também a idéia dos resgates, da proteção ao artesanal, tendo em vista que aquilo que é produzido ali, onde quer que seja, é original, único. Mania besta, !
Somos uma nação de mestiços, com mania de exportar o estereótipo, o índio, o negro, o Brasil da cerveja gelada, do futebol e da mulata pelada no Carnaval.
Ou você acha que a índia sabia fazer crochê?
Ou que o holandês não sabia fazer cestaria?
Bom, agora, eu vou voltar ao trabalho.
Namaste.

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