sábado, janeiro 08, 2011

Um bom dia

Não foi como se eu tivesse acordado cantando e saltitando.
Hoje foi difícil. A vontade ainda era de continuar lá, de não deixar a cama estranha e as cobertas que não são as minhas.
Mas é preciso, eu me digo, é preciso acordar e fazer do dia um bom dia. "Um bom dia" deve ser lido com pausa, com respiro, com tempo para encher o vazio em torno das letras com o que há de bom.
Um bom dia é um caderno de intenções quando eu saio da cama direto para o chuveiro sem intenção de fazer outra coisa. Também tomei meu café da manhã sem intenção.
Não desejava muito mais hoje que sair dali e vir pra cá, para este pequeno refúgio onde pretendia ler, mas resolvi ficar postando as músicas que me vinham à cabeça.

O bom foi se desenhando em torno do dia, que ganhou sons, cheiros, imagens e cores.

quinta-feira, dezembro 09, 2010

De Casa Nova

Por conta de - quase - todas as coisas que podem acontecer em cerca de dois e meses e meio na vida de uma pessoa, de repente me vejo:
1. namorando à distância;
2. de volta à casa dos pais (sort of);
3. com o meu meu meu meu meu recinto*!
Estou amando a minha casinha que ainda não tem fogão e nem sofá. Aqui tudo tem muito a minha cara e tem horas que eu quero gargalhar só de por o pé no alto da escada**.
É a primeira vez que me vejo num lugar só meu.
Cercada da minha maluquice lúdica, com a intenção de sonhar que é uma espécie de casa de boneca freak, e daí?

Bem vindos à Casa dos Maus Hábitos.



* Neste zoológico que e o mundo, o bicho-eu quer um recinto. De preferência do lado das lontras. E longe das ariranhas.
** Por enquanto, o "hall" e a escada estão muito pelados. Mas tenho grandes planos.

sábado, novembro 13, 2010

Minhas Avós

Vovó Joanna: avó de coque

Nunca consegui imaginar minha avó como tendo sido uma criança ou mesmo uma mocinha.
Vovó Joanna, a Sinhá, parecia a mim ter nascido adulta, centrada, calma, tolerante. Sentada na namoradeira de palhinha ou respondendo honestamente às nossas perguntas.
Minha avó tinha a voz grave, o rosto e o corpo bem magros e compridos, era alta e usava dentadura.
Tinha os cabelos compridos, ralos e grisalhos sempre presos num coque baixo. Coque de vó. Minha mãe diz que já a viu de cabelo solto, mas eu duvido um pouco. Pra mim, o cabelo da vovó vinha daquele jeito.
Eu quase não lembro dela como um todo. Lembro do sorriso, da voz, das roupas e - intensamente - da pele dos braços.
Lembro do verão em que ela morreu. De ter me deitado na rede com ela e conversado. Como sempre e com tudo, toquei a minha avó com as pontas dos dedos. A pele enrugada e pintadinha. A textura da pele dela me emociona até hoje. Busco por aí, acho que parece anarruga.
Minha avó usava saias retas com fenda atrás e camisas brancas. Nas festas, vestia roupas lindas, vestidos bem fechados de manga comprida, estampados e sandálias de salto, mostrando seus pés magrelinhos.
Nunca se zangava. E nunca, nunca, gritava.

Vovó Filhinha: a avó de calça jeans

O nome dela era Thenedina, mas eu só vim a saber disso aos oito anos. Era Filhinha e era a minha avó.
Pra mim, era difícil pensar nela como uma velhinha.
Talvez, porque ela era muito miúda e estava sempre inventando alguma coisa, viajando ou brincando com a gente. Ela me ensinou a patinar. E a cair. E a me levantar.
Vovó inventou o "rebunazona", prato delicioso de sobras de geladeira, mas nunca me avisou que não devia falar o nome do prato na frente de estranhos. Quase me rendeu uma meia dúzia de castigos...
Quando ganhei, aos seis anos, meu primeiro estojo de maquiagem, gastei quase todo nela, que ficava bonita como a Noiva do Frankenstein, mas, mesmo assim, não lavava o rosto.
Ela tinha o cabelo branquinho e curto e estava sempre muito ajeitadinha, de calça jeans e camiseta.
Vovó levava a gente pra ver o carnaval, fazia roupas pras minhas bonecas e não ficava muito brava quando eu brincava com o pompom da talqueira ou com o lizeuse salmão que ela tinha pendurado no armário e não usava nunca.
Minha avó era pequena, mas era imensa.

domingo, outubro 10, 2010

Nascer - Para o Sarau na CASA3

O caso não é de acaso.
Sou esse tipo aborrecido que implica com as palavras e o acaso é uma dessas que incomoda.
Quase caí na armadilha de me acomodar no assento quentinho do acaso para dizer que, por acaso lia o livro novo de Rosane Preciosa quando soube do mote deste sarau.
Rapidamente, fui assaltada pela lembranca do Professor Carlos Egydio Alonso, nos ensinado I-Ching a fim de trabalharmos composicão. Com o oráculo na mão, Carlão dizia que o acaso é improvável e que os encontros por "acaso" só acontecem porque nos lancamos em busca dessas convergências.
Assim, não é um acaso, não é o destino ou uma feliz coincidência este encontro de fazer nascer.
Lia Rosane e fui desdobrando a partir dela:
"O modo de nascer é por sua conta".
Nascemos assim, de modos mais ou menos tradicionais, com uma porcão maior ou menor de trauma. Da mesma forma fazemos nascer.
"Por guia, apenas uma razão ardente, capaz de disseminar projetos de existência nada uniformes".
Me faz pensar que o nascer, crise e oportunidade num só ato, é a primeira estacão de uma paixão mais ou menos extensa.
Nos ocupamos, vida a fora, de engendrar projetos - de nós mesmos? - a fim de fazer nascer e renascer continuamente, inventando "um arrevesado sentido para a existência".
Criar, nascer, inventar. Buscar rotas de fuga, obrigatoriamente, sem as quais encontra-se a extincão.
Recriar, renascer, reinventar continuamente, a partir da fome por novas solucões, novos caminhos, novas paisagens. Rompendo com o conforto quentinho de um útero que já não comporta.
Abrir caminhos para existir. Sempre.
Nascer.

terça-feira, agosto 03, 2010

Tendo uma pequena crise...

... de meia-idade? De identidade? De personalidade?

Eu poderia continuar pra sempre com essas coisas que terminam em idade.
Talvez essa seja a dica: eu posso ter antecipado meu inferno astral, misturado com o do hubbie e apostando em Agosto como o mês do cachorro louco, tenha pirado.
O caso é que eu olho pra frente e quero viver o agora, e com meus planos e meus desejos, talvez seja preciso mudar algo mais que a cor do cabelo.
Estou plena e feliz em muitas coisas e preciso de pequenos ajustes para as outras. Não tenho vocação para o drama. Só tenho vontade de ser feliz, feliz e feliz a não mais poder.
Oh, Lord... Please don't let me be misunderstood...

terça-feira, julho 27, 2010

Mas, você trabalha ou só dá aula?

Hoje eu passei o dia estudando.
E foi muito proveitoso. Sempre é.
Isso me faz gostar ainda mais do meu trabalho, dar aula é muito bom.
Existem muitos aspectos: tem a troca com o aluno, aquele momento em que ele entende o que você vem falando nos últimos dois meses. Eu ganho o dia com isso!
Tem também o momento em que você aprende, alguém com uma perspectiva nova te mostra uma outra face de algo que você acreditava já desvendado.
Tem a sala dos professores, onde ri-se muito, mas também a discussão saudável e outro nível de descoberta.
Tem as muitas horas de leitura e preparação para que cada aula aconteça.
É tanto empenho, tanto tempo, que nas últimas vezes que preenchi formulários, em profissão eu escrevi "professora universitária". Sou designer de Moda, ilustradora, mas essas coisas vem depois, acontecem entre-aulas, ou nas férias.
Nestas férias estou um pouco ilustradora.
Mas hoje mesmo - por "n" motivos, a começar pela presença da minha diarista que é um post a parte - estou professora 1.000.000%.
E gostando demais.

domingo, julho 25, 2010

Festa de família

Ontem foi a festa dos 70 anos bem vividos do tio Chico.
(D'us permita que eu chegue lá com a mesma disposição, vitalidade, pele boa e - obviamente - com mais cabelo...)
Maluquices e rebeldias à parte - sim, sim, eu sempre fui o boi corneta desse clã - as reuniões de família sempre foram eventos aguardados e vividos com uma certa ansiedade. Rever os primos, saber as fofocas, ver todos os tios reunidos. Agora tem também a próxima geração, os filhos dos meus primos e irmãos que fazem uma festa à moda deles. Do mesmo jeito que a gente fazia.
Agora, com mais de 30 anos, estou na geração do meio, que fica de olho nos velhinhos e nas crianças, e, entre uma tacinha de champa e outra, lembra que o Guto abandonava por todos os cantos suas Chiclete com Banana e Planeta Diário e os gibis do Crumb e que isso mudou minha visão de mundo... hahahaha... lá pelos 8 anos de idade.
É, nessa família não dava pra ser muito normal mesmo.
Ainda bem!