Sou esse tipo aborrecido que implica com as palavras e o acaso é uma dessas que incomoda.
Quase caí na armadilha de me acomodar no assento quentinho do acaso para dizer que, por acaso lia o livro novo de Rosane Preciosa quando soube do mote deste sarau.
Rapidamente, fui assaltada pela lembranca do Professor Carlos Egydio Alonso, nos ensinado I-Ching a fim de trabalharmos composicão. Com o oráculo na mão, Carlão dizia que o acaso é improvável e que os encontros por "acaso" só acontecem porque nos lancamos em busca dessas convergências.
Assim, não é um acaso, não é o destino ou uma feliz coincidência este encontro de fazer nascer.
Lia Rosane e fui desdobrando a partir dela:
"O modo de nascer é por sua conta".
Nascemos assim, de modos mais ou menos tradicionais, com uma porcão maior ou menor de trauma. Da mesma forma fazemos nascer.
"Por guia, apenas uma razão ardente, capaz de disseminar projetos de existência nada uniformes".
Me faz pensar que o nascer, crise e oportunidade num só ato, é a primeira estacão de uma paixão mais ou menos extensa.
Nos ocupamos, vida a fora, de engendrar projetos - de nós mesmos? - a fim de fazer nascer e renascer continuamente, inventando "um arrevesado sentido para a existência".
Criar, nascer, inventar. Buscar rotas de fuga, obrigatoriamente, sem as quais encontra-se a extincão.
Recriar, renascer, reinventar continuamente, a partir da fome por novas solucões, novos caminhos, novas paisagens. Rompendo com o conforto quentinho de um útero que já não comporta.
Abrir caminhos para existir. Sempre.
Nascer.
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