sábado, novembro 13, 2010

Minhas Avós

Vovó Joanna: avó de coque

Nunca consegui imaginar minha avó como tendo sido uma criança ou mesmo uma mocinha.
Vovó Joanna, a Sinhá, parecia a mim ter nascido adulta, centrada, calma, tolerante. Sentada na namoradeira de palhinha ou respondendo honestamente às nossas perguntas.
Minha avó tinha a voz grave, o rosto e o corpo bem magros e compridos, era alta e usava dentadura.
Tinha os cabelos compridos, ralos e grisalhos sempre presos num coque baixo. Coque de vó. Minha mãe diz que já a viu de cabelo solto, mas eu duvido um pouco. Pra mim, o cabelo da vovó vinha daquele jeito.
Eu quase não lembro dela como um todo. Lembro do sorriso, da voz, das roupas e - intensamente - da pele dos braços.
Lembro do verão em que ela morreu. De ter me deitado na rede com ela e conversado. Como sempre e com tudo, toquei a minha avó com as pontas dos dedos. A pele enrugada e pintadinha. A textura da pele dela me emociona até hoje. Busco por aí, acho que parece anarruga.
Minha avó usava saias retas com fenda atrás e camisas brancas. Nas festas, vestia roupas lindas, vestidos bem fechados de manga comprida, estampados e sandálias de salto, mostrando seus pés magrelinhos.
Nunca se zangava. E nunca, nunca, gritava.

Vovó Filhinha: a avó de calça jeans

O nome dela era Thenedina, mas eu só vim a saber disso aos oito anos. Era Filhinha e era a minha avó.
Pra mim, era difícil pensar nela como uma velhinha.
Talvez, porque ela era muito miúda e estava sempre inventando alguma coisa, viajando ou brincando com a gente. Ela me ensinou a patinar. E a cair. E a me levantar.
Vovó inventou o "rebunazona", prato delicioso de sobras de geladeira, mas nunca me avisou que não devia falar o nome do prato na frente de estranhos. Quase me rendeu uma meia dúzia de castigos...
Quando ganhei, aos seis anos, meu primeiro estojo de maquiagem, gastei quase todo nela, que ficava bonita como a Noiva do Frankenstein, mas, mesmo assim, não lavava o rosto.
Ela tinha o cabelo branquinho e curto e estava sempre muito ajeitadinha, de calça jeans e camiseta.
Vovó levava a gente pra ver o carnaval, fazia roupas pras minhas bonecas e não ficava muito brava quando eu brincava com o pompom da talqueira ou com o lizeuse salmão que ela tinha pendurado no armário e não usava nunca.
Minha avó era pequena, mas era imensa.

2 comentários:

Fernanda disse...

verdade.
Cada uma de nós reuniu impressões que a idade permitia. Para mim, vovó Joanna foi a amiga que eu perdi. em nossas conversas, tinhamos a mesma idade.
Em nossa caminhada, eramos companheiras que se riam e se abraçavam.
Vovó Filhinha era aquela que não dizia nada para que não contrariasse os nossos pais.
De onde a mamãe tirou a personalidade dela????

Regina disse...

Juro que não entendo onde você quer chegar.