quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Voltei de viagem ontem.
Deixei meu namorido passando férias com meus pais.
Sim, com os MEUS pais. Meu namorido.
Ninguém entende, mas todo mundo adora o rapaz.
Eu, mais que todo mundo. Adoro. E entendo.

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Tenho pensado muito. Mais que o normal.
Ainda mais que ontem teve Reunião de Diretoria no Exquisito e aí todo mundo fala dos seus relacionamentos, passados, presentes, imaginários e os que pretende ter.
(Imaginários é meifoda, mas vale lembrar aquelas paixões absurdas, que derrubam a gente e que não se realizam completamente.)
Aí que eu falei daquelas coisas e deixei de mencionar outras. Tipo o que me fez deixar de freqüentar certos lugares próximos à Paulista.
Mas ser confrontada com a possibilidade de reencontrar o ex mais estranho que eu tive - em todos os sentidos - era demais pra mim.
Ainda tenho rompantes de maldade imaginária, em que me vejo sendo loucamente má com ele, ridicularizando a falta de maneiras à mesa, por exemplo.
Era ofensivo, a criatura comia como um Brucutu! ele destruía a comida, não sabia segurar os talheres, nem daquele jeito que ninguém merece. Ele levava o jornal pras refeições.
Devia achar que parecia uma espécie de dândi ou intelectual.
Mas quão educado é ignorar a presença de alguém à mesa e depois usar a quina da folha de jornal como fita dental!!!!!!!!
Tinha ainda a questão da higiene. Ele até tomava banho, mas nunca lavava uma roupa ou a toalha com que se enxugava.
E a ridícula monocromia?
E a repetição exaustiva daqueles textos chatíssimos que ele ensaiava?
A superficialidade das opiniões certamente compradas na revista semanal que ele queria escolher?
E a mania de chamar qualquer revista visualmente interessante de "revista de boiola"?
Bom, ok, ele foi meu par durante cansativos cinco meses. E eu menti pra ele.
Eu não me apaixonei. E não o abandonei antes por pura preguiça. Eu o traí. Lindamente, com um cara que era um abuso de mais interessante.
Eu não me importava com a menina que tinha se apaixonado por ele. E que ainda deve ser a namorada dele.
Não sabia o que ela achava de tão incrível nele, e na verdade, ainda não sei. E nem estou muito interessada.
Eu fui tão perversa que depois de terminar o namoro, com a maior cara de tristeza - e verdadeiro desespero, louca pra sumir dali - eu corri pra encontrar meus amigos e tomar duas garrafas de vinho, em comemoração.
E depois eu comemorei um pouco mais.
Tive um fim libertador e orgiástico, incrível. Mas não consigo não temer encontrar com ele.
Tenho medo principalmente da reação à voz e ao sotaque.
Mentira, medo eu não tenho. O sentimento é repulsa.
Outro dia, encontrei um homem com o mesmo sorriso e quase dei na cara dele.
Qualquer manifestação de auto-piedade, como as que assistia constantemente ("meu avô era caminhoneiro, meu pai era metalúrgico" justificava as pobres perspectivas choraminguentas dele) me faz sentir vontade de vomitar.

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Esse relato não é de remissão. Não busco absolvição, não me sinto criminosa.
Mas eu queria colocar pra fora.
Eu sou bacana, e gosto de quase todo mundo.
Mas nem sinto a obrigação de ser legal sempre...

Um comentário:

Leandro Fonseca disse...

E de mim ninguém gosta! :)